miguel
Capítulo 4: Marx pode entrar

Arrumar a casa, mudar os móveis de lugar, dividir o quarto.



Deixamos a rua de lado e voltamos para a casa. Agora sim, tudo faz sentido. Agora sim, tudo começa a mudar. A dimensão do privado dá conta dos desejos mais íntimos dos nossos personagens, é onde eles, enfim, são quem realmente são. E como ser quando há o estranho? Como o lar representa o seguro se agora eles o dividem com uma figura um tanto inusitada e (talvez) até mesmo perigosa?



Não só a dinâmica da casa se modifica com a chegada de Marx – Miguel e Zé têm agora de dividir o quarto, mas a própria relação dos moradores (o que não deixa de ser a dinâmica da casa) – Miguel e Zé têm agora de dividir o quarto e tudo que isso implica. Por exemplo, nunca se pode deixar um figura como essa sozinha no apartamento, afinal, quem o conhece de verdade? Quem sabe o que ele pode fazer e o que pode acontecer caso alguém o descubra ali?



Quando gravamos a cena da mudança, tivemos algumas visitas em nosso set. Uma delas foi a da Paula, responsável pelas fotos desse post e também pelo making of a seguir:
Marx pode sair | Teaser 3
Marx pode sair | Teaser 2
Capítulo 1: Isto é outra cidade

No nosso primeiro dia de gravações trabalhamos a relação do Miguel com a cidade. O personagem volta pra casa e se depara com a rua. Ao contrário da casa, a cidade não respeita a dimensão do privado. Durante todo o dia é cortada por milhões de passos. Nada é de ninguém. As pichações não têm dono. As pichações falam de coisas que a gente não entende. Mas são. A cidade é o lugar do efêmero, do transitório. A gente não fica, a gente passa. Mas fica.
Certa vez, li uma pichação que dizia: “quantas cidades tenho em mim?”. E esse é o caminho.
Os carros, os viadutos, as construções de concreto. Qual é a nossa relação com a cidade? Como eu ando por essa cidade? O que dela é meu e o que meu é dela?



A forma como Miguel interage com a cidade, mesmo sendo desinteressado voltando pra casa, é importante para percebermos a maneira como ele a enxerga. Ou melhor, como eles se relacionam.
Por que ruas ele passa? Com quais pessoas ele cruza? De onde vem e para onde ele vai?


